sexta-feira, 6 de julho de 2012

Vídeo-aula 28: O professor não pode estar só

A Constituição Federal Brasileira de 1988, garante a todos o direito a educação, mas na realidade sabemos que isto não acontece com as crianças com NEE.
Para mudar esta realidade não é possível admitir que um professor trabalhe sozinho com salas numerosas, compostas de alunos com as mais diversas características, esperando-se que todos tenham o mesmo desenvolvimento. Esta situação tem gerado frustração tanto para alunos, que se sentem incapazes de aprender, quanto para professores, que se sentem incapazes de ensinar, ou não acreditam nos potenciais dos alunos.
A persistente dificuldade dos alunos e de professores, deve ser tema de debate nos horários de trabalho pedagógico, a fim de buscar soluções extra-escolares, formando uma equipe interdisciplinar, constituída pela família, profissionais da saúde, assistência social e a própria EQUIPE escolar.
O trabalho interdisciplinar sugere que escola e outros agentes envolvidos no processo de inclusão, trabalhem  de forma congruente, buscando novas formas de estimular alunos com NEE, planejando juntos possíveis intervenções, auxiliando a compreender tanto aluno, quanto professor, mas invariavelmente, esta equipe não pode trabalhar de forma fragmentada.
Por outro lado, o professor, pode também ter atitudes que evitem o isolamento do seu trabalho: cobrar da equipe de gestão; estar aberto a aprender e incorporar novas ideias e práticas pedagógicas; refletir sobre suas expectativas e perspectivas; buscar uma relação mais empática com os alunos e encorajar a família, dando ênfase às qualidades da criança especial, não apontando somente as dificuldades.
Acreditar no próprio trabalho e na evolução cognitiva, afetiva e sócio-cultural da criança, são condições essenciais para o desenvolvimento de um boa prática pedagógica, não só com alunos especiais, mas também com os discentes do ensino regular. 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Vídeo-aula 27: O professor não pode estar só

A complexidade de todos os protagonistas que estão envolvidos no processo de inclusão de crianças com NEE, está ligada especialmente a três grandes instituições:
1ª - A família que tem algumas dúvidas e preocupações:
- se seus filhos serão bem acolhidos e aceitos no ambiente escolar no sentido afetivo e no aspecto das relações interpessoais;
- que não acredita na capacidade dos profissionais e na aceitação de outras famílias;
-se a criança irá adquirir conhecimentos e autonomia;
2ª- A escola: como deve ser a ação de professores, funcionários e equipe de gestão?
-Deve haver uma socialização das ideias, através de reflexões, planejamentos, avaliações e replanejamento; -o espaço físico as tecnologias, devem atender às necessidades especiais (isto quase nunca ocorre);
-sustentação teórica para responder a dúvidas e perguntas;
-criação de programas de capacitação de professores;
- estabelecer parcerias com outras entidades profissionais e instituições;
3ª -Instituições que prestam serviços de saúde: são de vital importância porque têm autonomia e qualificação para diagnosticar de forma precisa as deficiências, sendo estes diagnósticos essenciais para o trabalho do professor que pode, inclusive, desenvolver conjuntamente com os profissionais da saúde, programas e atividades para as crianças com NEE.
Obviamente que além das instituições, outros agentes influenciam de forma decisiva a inclusão escolar:
- o professor: que deve buscar formação adequada, mas que, essencialmente, precisa acreditar no real desenvolvimento da criança, sem desenvolver somente atividades de socialização e sem estigmatizá-la.
- a criança com necessidades especiais: saber ouvir esta criança, quem é ela? quais suas necessidades e habilidades, dentro do contexto em que está inserida?
-as outras crianças e seus familiares: quais são os medos e inseguranças que estes tem em relação a inclusão? Quais são os preconceitos ; existem muitas famílias que são favoráveis a diversidade.
Enfim são inúmeras as perguntas e poucas as respostas, estas só podem ser obtidas, através do envolvimento e de um árduo trabalho de todos os envolvidos no processo de inclusão, respeitando-se as características de cada comunidade em questão.

Vídeo-aula 26: O professor autor

Na vídeo aula anterior, postei um conto de minha autoria. Inicialmente fiquei inseguro, pois não sabia se estava dentro da proposta do curso, mesmo assim arrisquei, corri o risco de desobedecer. Conforme fui escrevendo o texto, fui me empolgando, deixei minhas ideias fluírem e depois de algumas frases, percebi que eu estava em total sintonia com as palavras e com o contexto da vídeo-aula.
Empolguei-me muito por estar abordando e contando (por que escrevi um conto) o conteúdo em questão, mas ao mesmo tempo elaborando-o, refletindo sobre o mesmo, reconstruindo-o e com minha ideias, com liberdade e com autonomia.
Acredito que esta vídeo-aula (26), solicita que o professor tenha a postura que tive ao postar o vídeo 25, quando este estiver dentro da sala de aula.
Desculpe-me se fui pouco modesto, esta não era minha intenção, mas se o fiz, a responsabilidade foi do professor Gabriel Perissé, que tanto me estimulou a ler, ouvir, refletir, escrever e também contrariar uma frase que emana submissão: "Manda quem pode, obedece quem tem juízo".

Vídeo-aula 25: O professor pensador

Para apresentar minhas ideias sobre esta vídeo-aula, resolvi escrever um pequeno conto que retrata de forma metafórica: o Livro - que alimenta o pensamento; uma aluna - entusiasmada com a ação de sua professora, mas que também compartilha de sua sabedoria com a mesma; uma professora pensadora - curiosa e que sempre acredita e uma professora não pensadora - que quase morre no final.
                                           O Jardim do Pensamento

 Seu  Capadura, era chamado assim por que tinha muito boas ideias dentro de si, mas por fora parecia-se com a capa daqueles livros velhos, rústicos, destes que ninguém mais dá valor. Por dentro era muito sensível, amava as flores e qualquer tipo de planta, por isto, tinha muito cuidado com seu jardim, que por sinal, era o mais bonito da vizinhança, todavia, havia uma minúscula clareira, o que em nada lhe agradava. Ele gostava de flor e árvores por toda parte, quando alguma plantinha morria, logo era substituída por outra e foi o que ele fez no pequeno espaço que havia no seu jardim.
Chegando na floricultura pediu uma árvore que crescesse rápido e duas plantas trepadeiras. 
Voltando para o sítio, a primeira coisa que fez foi ir até o jardim, fez uma cova para o sansão do campo,      árvore espinhosa, mas que em poucos meses serviria para cobrir o incômodo espaço; em cada lado da árvore plantou uma trepadeira. Alguns dias depois foi conferir e as plantas estavam bonitas, tinham cravado raízes.
- Já posso dar nome as minhas plantinhas- disse satisfeito; -a árvore vai se chamar furadedo porque é muito espinhosa, a planta da direita vai se chamar atreVIDA e a da esquerda reclamona. 
- Nossa! por que ele deu esse nome pra mim? eu não merecia - indagou a plantinha da esquerda.
- Não liga não, olha quantas flores bonitas tem ao nosso redor e o dia tá lindo -disse a atreVIDA.
- Magoei...  disse a reclamona e pôs-se a dormir, perdendo toda a energia daquele dia ensolarado.
- Eu não posso nem reclamar, minha pele é ruim mesmo, ó quantas espinhas que tenho - disse a sansão do campo, gargalhando.
Alguns dias se passaram e a atreVIDA já estava inquieta:- Ei, ei, sua preguiçosa, acorda, vamos subir um pouquinho na grandona aqui do nosso lado, vamos vai?
- Eu não, sei lá o que tem lá em cima, e outra, tá cheio de espinhos nessa feia aí - respondeu a reclamona.
- Feia não, só estou em fase de crescimento -disse a furadedo.
- Tá bom eu vou sozinha, então; posso né furadedo?
Logo nos primeiros centímetros que subiu, atreVIDA  furou uma folhinha no espinho da furadedo, mas não desistiu, continuou subindo.
- Vem aqui vai reclamona, a vista é ainda mais bonita daqui de cima.
- Já disse que não, que não gosto.
- Como não gosta, você nem tentou, vem, anda logo. 
- Atrevida - repreendeu furadedo: - deixa ela, senão você vai se distrair e se furar de novo.
- Nem ligo- retrucou a atreVIDA: - um furinho aqui, outro ali, "eu não desisto assim tão fácil mau amor" como diria o Fábio Junior, aquele gato.
- Ah, não me perturba, já disse que não quero. Dá um tempo- disse a trepadeira "da esquerda".
Passaram-se alguns meses e constantemente a atreVIDA convidava  a reclamona para fazer coisas novas e explorar novos horizontes, mas ela nunca topava. Já o furadedo, que sempre escutava os conselhos de sua animada amiguinha, já estava se tornando uma frondosa árvore. 
Enquanto a atreVIDA, já tinha subido mais que um metro e sem furar mais nenhuma folhinha, já que ela havia aprendido a se desviar dos espinhos da furadedo, que a essa altura já eram enormes, a reclamona continuava no chão, com medo de ser feliz.
Estranho a reclamona ser tão desanimada, por que o seu Capadura tratava todo mundo igual: dava água, adubo, conversava e até contava história. 
Alguns meses se passaram e a atreVIDA  não deixava de tentar animar sua amiga, que ainda estava a poucos centímetros do chão:
- Olha quantas estrelas lindas, vem ver. Ó, ó uma estrela cadente, sobe rápido.
- Que estrela? Só tô vendo um monte de folhas e...espera, peraí, vi uma estrelinha- disse quase animada (mas não queria dar o braço a torcer): - que luzinha sem graça.
Já haviam se passado oito meses, o furadedo já estava com quase 5 metros de altura e a atrevida, já não tinha mais voz para estimular sua amiga, dos quase 3,5 metros que alcançara. Nessas alturas e nesta altura ela precisava de muito mais água e adubo que a reclamona. Naquela noite,   a t r e v i d a     não encontrava mais forças para dizer a companheira o quanto era importante e bonito subir, parecia estar des  pe  da  ça  da... desistiu.
No dia seguinte, logo pela manhã ao visitar o jardim, seu Capadura percebeu como a trepadeira da direita estava grande, mas parecia fraca e desanimada, então, ele a regou com muita água, colocou muito adubo em suas raízes e até conversou com ela:
- Vamos atrevidA, você pode atreviDA, você consegue atreVIDA.  Então, foi para o lado da reclamona, que parecia já estar morta: 
- você também reclamoma acorda, vai ficar só olhando e deixar sua amiga crescer sozinha.
O pouco de água e adubo que, o velho e bom amigo, colocou nos pés de reclamona, foram suficientes para fazer uma pequenina flor brotar.
AtreVIDA, que já estava totalmente recuperada, olhou para baixo e sorriu...naquele momento ela desistiu de desistir de ajudar reclamonA, no momento em que sua amiga teria lhe dado o primeiro sorriso, não seria justo abandoná-la.
Cunha SP - 05/07/2012
  

Vídeo-aula 24: Modelos de ensino: das concepções docentes as práticas pedagógicas

Muitos são os desafios da inclusão diante do contexto educacional, que passa por inúmeras transformações: mudanças na legislação, nas relações sócio culturais, na demanda do mercado e nas funções da escola. Diante disto, as concepções docentes também precisam ser modificadas.
O conhecimento específico das disciplinas, a função disciplinadora, a prática pedagógica restrita ao ensino, passam a dar lugar a outros valores como a introdução de novas metodologias e didáticas, a preocupação com o desenvolvimento dos alunos, o trabalho em grupo,  a ampliação das atribuições da escola (anteriormente limitada ao ensino da leitura e escrita), o trabalho conjunto de vários atores que fazem parte da vida do educando (pais, outras famílias, colegas de classe, equipe escolar, profissionais da área da saúde).
Conjuntamente, todos os envolvidos no processo educacional de crianças especiais, devem buscar recursos e soluções para auxiliar o desenvolvimento pleno destes discentes, seja para fazer um diagnóstico, para criar estratégias de aprendizagens, auxiliar no replanejamento, estimular a criança, seja para lutar por melhores condições de trabalho. Porém, deve-se ressaltar, que o professor tem a grande oportunidades de ser o elo entre os vários agentes e o mediador deste processo.

Vídeo-aula 23: A educação de pessoas especiais é de fato ineficaz?

Educar crianças com NEE é uma questão muito complexa, quando o trabalho pedagógico esta atrelado a velhos paradigmas, que pressupõem que todas as crianças se desenvolvem igualmente, durante o mesmo tempo, de forma regular e linear. Assim, os alunos deficitários e com mais dificuldades,  passam a ser vistos como deficientes, o que implica em uma ruptura com os princípios básicos da educação e que levam a um processo de aprendizagem comprometido, desestabilizam as relações professor/aluno, dificultando o aprendizagem e levando o professor ao descrédito da possibilidade do aluno aprender.
Essa complexidade em relação as NEE, são minimizadas por recursos técnicos e profissionais, quando se trata de deficiência sensorial ou física, é o caso dos deficientes visuais que contam com o Braile e recursos de amplificação visual ou de deficientes físicos que podem utilizar recursos para se locomover e cadeiras e computadores adaptados à sua deficiência (aqueles tem recursos).
Cabe aqui a seguinte questão: e os alunos com deficiência mental ou intelectual?
A socialização é um dos grandes méritos do processo de inclusão e é de fato importante, mas não é o único componente deste processo. A aprendizagem inclusiva deve englobar aspectos cognitivos, afetivos e sócio-culturais, todavia, será que a criança com NEE é capaz de de se desenvolver nestes campos? Se sim ou se não, só é possível saber quando se oportuniza e se dá chances a estas crianças.
Um conceito importante para estimular o professor no trabalho com crianças especiais e o da plasticidade cerebral, que é uma propriedade do sistema nervoso que permite adaptações estruturais e funcionais, diante de situações adversas do funcionamento cerebral. Um exemplo, é uma pessoa que tem deficiência visual,  a plasticidade cerebral irá aprimorar seu sistema auditivo, criando mecanismo para "substituir" a visão.
A idade, o local da deficiência e o tempo que esta existe são essenciais no processo de reestruturação cerebral, por isto, quanto mais cedo a criança  for introduzida na escola regular, mais fácil e eficiente será sua adaptação.
A tarefa do professor e da família é buscar um diagnóstico correto sobre a deficiência, não para estigmatizar  o aluno, mas, para que se possa elaborar atividades que desenvolvam as habilidades, potencialidades e qualidades já existentes na criança e detectar os pontos frágeis que precisam pacientemente ser trabalhados.
Lutar contra a descrença e investir na educação de crianças com necessidades especiais, pode torná-la eficaz.

Vídeo-aula 22: O professor leitor

Todos elogiam e acham bonito ler, dizem que é imprescindível; mas o que significa o ato de ler?
Ler é uma aprendizagem a distância, uma forma de conhecer diversos lugares e realidades, de viver personagens e sentimentos sem sair do lugar; você está só, lendo um livro, mas tudo que está distante se aproxima.
Existe outro tipo de leitura, que é mais que interpretar símbolos grafados, é ter capacidade de interpretar o mundo a sua volta, fazer leituras das paisagens dos comportamentos e expressões das pessoas , por isto, é tão importante ser um professor leitor, para fazer a leitura do alunos, das suas inseguranças, das suas necessidades e de sua realidade sócio-cultural.
Com a leitura formal o professor consegue se livrar de seus preconceitos e de suas limitações, inclusive da falta de estímulos. Infelizmente, segundo uma pesquisa de MARTINS (2005), "há poucas referências de professores que demonstrem uma ligação especial com os livros e com a leitura" e se o professor não é um leitor, como pode ser um bom mediador da leitura nas salas de aula; para  fazer com que os alunos leiam, só lhe resta uma alternativa: obrigá-los a ler, como uma necessidade burocrática, um requisito para a aprovação, o que acaba por afastar cada vez mais os jovens da leitura. Alguns dados, confirmam este fato: em 2000, lia-se 2 livros, por ano, atualmente lê-se 4,7; existe uma biblioteca para cada 33.000 habitantes e 70% das escolas não possuem biblioteca, é muito pouco.
A leitura, pode ainda, auxiliar o professor em seu repertório, seu vocabulário; aumenta suas possibilidades de discurso e argumentação, tornando-o uma pessoa mais interessante, enfim, a leitura da sentido a vida, motiva e auxilia no enfrentamento da difícil realidade que vivem hoje os profissionais da educação.