quinta-feira, 5 de julho de 2012

Vídeo-aula 25: O professor pensador

Para apresentar minhas ideias sobre esta vídeo-aula, resolvi escrever um pequeno conto que retrata de forma metafórica: o Livro - que alimenta o pensamento; uma aluna - entusiasmada com a ação de sua professora, mas que também compartilha de sua sabedoria com a mesma; uma professora pensadora - curiosa e que sempre acredita e uma professora não pensadora - que quase morre no final.
                                           O Jardim do Pensamento

 Seu  Capadura, era chamado assim por que tinha muito boas ideias dentro de si, mas por fora parecia-se com a capa daqueles livros velhos, rústicos, destes que ninguém mais dá valor. Por dentro era muito sensível, amava as flores e qualquer tipo de planta, por isto, tinha muito cuidado com seu jardim, que por sinal, era o mais bonito da vizinhança, todavia, havia uma minúscula clareira, o que em nada lhe agradava. Ele gostava de flor e árvores por toda parte, quando alguma plantinha morria, logo era substituída por outra e foi o que ele fez no pequeno espaço que havia no seu jardim.
Chegando na floricultura pediu uma árvore que crescesse rápido e duas plantas trepadeiras. 
Voltando para o sítio, a primeira coisa que fez foi ir até o jardim, fez uma cova para o sansão do campo,      árvore espinhosa, mas que em poucos meses serviria para cobrir o incômodo espaço; em cada lado da árvore plantou uma trepadeira. Alguns dias depois foi conferir e as plantas estavam bonitas, tinham cravado raízes.
- Já posso dar nome as minhas plantinhas- disse satisfeito; -a árvore vai se chamar furadedo porque é muito espinhosa, a planta da direita vai se chamar atreVIDA e a da esquerda reclamona. 
- Nossa! por que ele deu esse nome pra mim? eu não merecia - indagou a plantinha da esquerda.
- Não liga não, olha quantas flores bonitas tem ao nosso redor e o dia tá lindo -disse a atreVIDA.
- Magoei...  disse a reclamona e pôs-se a dormir, perdendo toda a energia daquele dia ensolarado.
- Eu não posso nem reclamar, minha pele é ruim mesmo, ó quantas espinhas que tenho - disse a sansão do campo, gargalhando.
Alguns dias se passaram e a atreVIDA já estava inquieta:- Ei, ei, sua preguiçosa, acorda, vamos subir um pouquinho na grandona aqui do nosso lado, vamos vai?
- Eu não, sei lá o que tem lá em cima, e outra, tá cheio de espinhos nessa feia aí - respondeu a reclamona.
- Feia não, só estou em fase de crescimento -disse a furadedo.
- Tá bom eu vou sozinha, então; posso né furadedo?
Logo nos primeiros centímetros que subiu, atreVIDA  furou uma folhinha no espinho da furadedo, mas não desistiu, continuou subindo.
- Vem aqui vai reclamona, a vista é ainda mais bonita daqui de cima.
- Já disse que não, que não gosto.
- Como não gosta, você nem tentou, vem, anda logo. 
- Atrevida - repreendeu furadedo: - deixa ela, senão você vai se distrair e se furar de novo.
- Nem ligo- retrucou a atreVIDA: - um furinho aqui, outro ali, "eu não desisto assim tão fácil mau amor" como diria o Fábio Junior, aquele gato.
- Ah, não me perturba, já disse que não quero. Dá um tempo- disse a trepadeira "da esquerda".
Passaram-se alguns meses e constantemente a atreVIDA convidava  a reclamona para fazer coisas novas e explorar novos horizontes, mas ela nunca topava. Já o furadedo, que sempre escutava os conselhos de sua animada amiguinha, já estava se tornando uma frondosa árvore. 
Enquanto a atreVIDA, já tinha subido mais que um metro e sem furar mais nenhuma folhinha, já que ela havia aprendido a se desviar dos espinhos da furadedo, que a essa altura já eram enormes, a reclamona continuava no chão, com medo de ser feliz.
Estranho a reclamona ser tão desanimada, por que o seu Capadura tratava todo mundo igual: dava água, adubo, conversava e até contava história. 
Alguns meses se passaram e a atreVIDA  não deixava de tentar animar sua amiga, que ainda estava a poucos centímetros do chão:
- Olha quantas estrelas lindas, vem ver. Ó, ó uma estrela cadente, sobe rápido.
- Que estrela? Só tô vendo um monte de folhas e...espera, peraí, vi uma estrelinha- disse quase animada (mas não queria dar o braço a torcer): - que luzinha sem graça.
Já haviam se passado oito meses, o furadedo já estava com quase 5 metros de altura e a atrevida, já não tinha mais voz para estimular sua amiga, dos quase 3,5 metros que alcançara. Nessas alturas e nesta altura ela precisava de muito mais água e adubo que a reclamona. Naquela noite,   a t r e v i d a     não encontrava mais forças para dizer a companheira o quanto era importante e bonito subir, parecia estar des  pe  da  ça  da... desistiu.
No dia seguinte, logo pela manhã ao visitar o jardim, seu Capadura percebeu como a trepadeira da direita estava grande, mas parecia fraca e desanimada, então, ele a regou com muita água, colocou muito adubo em suas raízes e até conversou com ela:
- Vamos atrevidA, você pode atreviDA, você consegue atreVIDA.  Então, foi para o lado da reclamona, que parecia já estar morta: 
- você também reclamoma acorda, vai ficar só olhando e deixar sua amiga crescer sozinha.
O pouco de água e adubo que, o velho e bom amigo, colocou nos pés de reclamona, foram suficientes para fazer uma pequenina flor brotar.
AtreVIDA, que já estava totalmente recuperada, olhou para baixo e sorriu...naquele momento ela desistiu de desistir de ajudar reclamonA, no momento em que sua amiga teria lhe dado o primeiro sorriso, não seria justo abandoná-la.
Cunha SP - 05/07/2012
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário